12 de nov. de 2009

É oficial, esta tudo doido



Logo após estes dois organismos (Pizarrococos demagogis e Mariaugusta delirantis) terem disseminado - num evento profissional - a sua idiotice, mandaram-me um sms a comunicar o facto. À noite, incrédulo, li os factos via mail e até tive oportunidade de ver o evento esmiuçado e comentado no site do Sindicato dos Enfermeiros.

Por partes: a Ordem dos Enfermeiros, agora, numa tendência popular, tomou a iniciativa de organizar Cerimónias de Vinculação à Profissão, que, preze a realidade conjuntural, são verdadeiros atentados à dignidade pessoal e um insulto à inteligência de todos nós, Enfermeiros e futuros Enfermeiros. Um espectáculo degradante.

Há algum tempo atrás (flashback), corria o ano de 2007, um representante da Ordem dos Enfermeiros compareceu, a convite, numa Escola de Enfermagem para orar acerca da profissão e da respectiva Ordem. Directo (e sensato!) aconselhou: "emigrai, aqui não têm nem vão ter emprego"! Alguns dias mais tarde, um dos Professores da respectiva Escola, meu amigo pessoal, escandalizado, relatou-me um episódio sucedido! "De mau gosto" - conclui! "Realista e precavido" - disse eu! É difícil discutir o emprego/desemprego com um Professor. É muito fácil adivinhar porquê...

Adiante. Vamos aos factos e delírios: convidaram o Secretário de Estado do Ministério da Saúde - Manuel Pizarro - para uma destas Cerimónias do tipo seita religiosa. De facto é um fenómeno semelhante tal é a lavagem cerebral e ilusória a que os jovens (e família) - cheios de esperança - são submetidos. Uma espécie de violação mental!

... E o Pizarro lá foi. Revelou mestria naquilo que de melhor sabe fazer - proferir aquilo que os outros querem ouvir. Demagogia no seu estado mais selvagem! A multidão, hipnotizada, estava entusiasmada ao escutar as patranhas que o Pizarrococos demagogis debitava...

Nem me apetece estar aqui a referir, em pormenor, que tamanhas tretas por lá esvoaçavam... São as habituais pinoquices: que os melhores tempos da Enfermagem vêm aí, que somos os pivôs disto e daquilo, que somos uma classe que o Governo respeita muito... e que faltam muitos Enfermeiros (para o Governo e outros empregadores quantos mais houver, melhor e maior a exploração!), blá, blá, blá, giroflé, giroflá.

Logo a seguir, quem vem? A Mariaugusta delirantis, claro. Após escutar as palavras pizarreanas que alimentavam o seu distúrbio psicótico (que vive à custa da eterna escassez de Enfermeiros), falou. Nada disse (surpresa?). O discurso vazio do costume, tipo cassete de fita magnética (de má qualidade) - "Portugal não tem Enfermeiros a mais, basta comparar os rácios"... e vómitos do género.
Curioso dizer isto na cara de milhares de futuros desempregados! Acho que os jovens Enfermeiros andam muito passivos a ouvir ladaínhas pré-gravadas do género ex-União Soviética! Mesmo muito passivos!

Sobre os rácios não escrevo muito mais. Já escrevi e consumi horas suficientes - os rácios a que a senhora Bastonária refere não podem ser comparados com os de Portugal, pois incluem na sua contabilização vários profissionais relacionados com a profissão de Enfermagem, mas que não não são Enfermeiros (Auxiliares de Enfermagem, Assistentes de Saúde, etc...). É óbvio que nunca teremos esses rácios, como é fácil de deduzir...

Crente é quem acredita nas palavras do Dr. Manuel Pizarro, que nos últimos tempos não fez mais do que assassinar a nossa profissão. Para quem não sabe, este senhor é um dos principais impulsionadores da carreira dos Paramédicos, cuja ideia revolucionária é substituir os Enfermeiros no Pré-Hospitalar. Em privado é possível comprovar o desdém com que se refere e trata os Enfermeiros e a Enfermagem...

Enquanto para estas personalidades é tudo um mundo encanto e idílico, milhares e milhares de Enfermeiros penam no desemprego, no "estágios" não-remunerados, no subemprego a 3 euro/hora, no emprego precário ou no emprego humilhante... enfim, temos para todos os gostos. A dignidade esfumou-se, o poder reivindicativo vendeu a alma ao diabo e a imagem social da profissão rasteja... por isso, não estou mesmo a ver que "momento muito especial que a Enfermagem portuguesa está a viver" é este!!

Enquanto vaguearem por aí Marias Augustas de Sousas, Lucílias Nunes (memorizem este nome colegas!) e companhia, somos comida para os bichos!

Estamos sequiosos de inteligência, audácia e visão. Mais Jacintos Oliveiras, Germanos Coutos e Élvios de Jesus, precisam-se!

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