12 de nov. de 2009

As Entrevistas



Está criada e cimentada uma nova moda no seio da Enfermagem - o fenómeno das entrevistas. Desenvolvidas e apuradas há largos anos atrás por especialistas em recursos humanos, pretendem delinear, estabelecer e compreender se determinado indivíduo possui o perfil e competências necessárias para o exercício de uma função específica, através de uma avaliação psicotécnica com base no discurso, opiniões, comportamentos, crenças, motivações, etc.

Regra geral, é aplicada quando, para as vagas existentes, existe um excesso de procura - é portanto, um método auxiliar de selecção - uma ferramenta ao dispor das organizações que lhes permite maior rigor na escolha do seu capital humano. Grosso modo, é isto.

Como em quase tudo, chegou à Enfermagem de forma... distorcida.

Como existem (incompreensivelmente na minha perspectiva) Enfermeiros que teimam em demonstrar poder sobre os seus pares, muitas vezes sob a capa da sapiência, surgiu aqui um belo móbil para a génese de entrevistas de índole frívola, ou seja, desprovidas de conteúdo, servindo apenas o rebaixamento puro, na sua maioria das vezes, de recém-licenciados, perante o gáudio de alguns Enfermeiros entrevistadores que - quase sempre! - não têm competências algumas para executar uma entrevista.
Mas a raíz do mal tem, em primeira instância, uma base organizacional. Frequentemente, determinada instituição de saúde, promove festins "entrevistatórios" sem objectivos. Por vezes nem pretendem contratar Enfermeiros algum. Tendo em conta a abundância de profissionais, muitas vezes destinam-se a ocupar o tempo de alguns Chefes (e outros) indigitados para o efeito, para constituir possíveis bolsas de reserva que nunca virão a ser utilizadas, pois as cunhas, como sabem, terão sempre prioridade!

Afirmo tudo isto por um motivo: andam por aí a fazer "intrevistas" vergonhosas! Não têm em conta os currículos. As questões são desprovidas de objectivos. Os comentários não possuem qualquer finalidade pedagógica. Nada!

Questões que abordam legislação elaborada e irrelevante para o exercício da profissão, são inúteis (se os colegas tivessem a concorrer para um lugar de jurista/advogado, talvez fizessem sentido). Inquirições pessoais que não pretendam reconhecer traços de personalidade/perfil necessários para o bom desempenho da profissão, também são inúteis e desaconselháveis. Comentários depreciativos são expressamente proibidos!

Certamente que também é proibido chegar ao café do final da jornada de trabalho, e regozijar-se com a qualidade do seu desdém ou com a ansiedade que provocou em alguém, principalmente, quando estes comentários são feitos em praça pública!

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